A casa onde tudo dura pra sempre.

Aprendi desde sempre a evitar desperdícios. Acho muito válido, mas mesmo os bens duráveis, um dia, param de durar. Ou não. Aqui em casa os objetos inanimados todos precisam ter vocação pra ser highlander.

Por exemplo, o último fogão já tinha completado duas décadas quando mamãe resolveu aposentá-lo e comprar outro. A lavadora de roupas já fez 12 anos e o espremedor de frutas acredito que já passou dos quinze. Todos funcionando perfeitamente, todos incorporaram o espírito imortal.

Mesma coisa com carros. Meu pai sempre defendeu que carro é meio de transporte, então se funciona e se te atende, vai trocar pra que? Quando a finada Marajó se encontrava moribunda, nem foi pro ferro-velho: Pardal, meu irmão, a elegeu como seu primeiro carro. Era 1994 quando meu pai comprou um Tipo, seu primeiro carro zero. Foi no Tipo que aprendi a dirigir, viajamos muito, até que onze anos - e uns 120.000km - depois, assaltaram meu pai e levaram o Tipo. Até chorei. Em 2005 mesmo papai comprou o papitomóvel que, pra mim, ainda tem a maior cara de carro fedendo a novo.

Até aí não reclamo, pelo contrário, acho muito ecológico isso de não ficar gerando lixo. Mas o laptop do meu pai, que na verdade é do trabalho dele e eu super roubei enquanto decido o destino do bebenote, já vai fazer 9 anos. Isso em idade de computador é praticamente matusalém. Quando estraguei (sem querer!) o note, achei que finalmente ele trocaria, já que o laptop novo já está disponível pra ele na empresa, e o pessoal da TI já cansou de encher o saco dele pra trocar logo. Hoje de manhã, o velho computador voltou a funcionar. Quantos anos mais será que dura?

*****

Post grande, né?