Purgatório da beleza e do caos.

Incontestável, o Rio é lindo. Na verdade, a borda do Rio é linda: as praias, o Pão de Açúcar... Agora tentem achar qualquer coisa bonita na Av. Brasil. Tá, tem a Fiocruz com seu lindo e iluminado castelinho, mas e fora isso? Sério, se alguém souber, me conte. Porque atravesso quase 18km dessa avenida e nem posso olhar em volta, já que alguém precisa prestar atenção nos buracos da pista.

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Mas o que mais me entristece é a cara de pau dos bandidos de farda que recebem pra zelar por nossa segurança. Sei que podem até existir bons policiais, mas infelizmente o caráter - ou a falta dele - não vem tatuado na testa. Pra mim já basta um policial podre não ser rigorosamente punido pra que todos virem farinha do mesmo saco. E está sobrando policial podre por essas bandas.

Além dos escândalos noticiados todo dia, há as ocorrências corriqueiras que nem valem mais nota de pé de página nos jornais. Já aconteceu até comigo.

Há quase 10 anos, estava no carro com meu então namorado quando uma patrulhinha nos abordou. Depois de pedirem documentos - nossos e do veículo - e constatarem que não havia nada de errado, insistiram que deveríamos contribuir com a caixinha de Natal da corporação, ou seríamos autuados. Autuados por quê, cara pálida? Por comportamento suspeito, ou por atentado ao pudor (???), ou por qualquer outra coisa que eles inventassem. Como estudantes durangos, não tínhamos um centavo furado no bolso, e aí veio a pérola da cara de pau: "Sem problema, a gente passa no 24 horas". E assim foi, fomos escoltados até um caixa pra sacar dinheiro e trocar a caixinha de Natal por nossos documentos de volta. Até poderíamos ter peitado os caras e falado 'autua aê então', mas reagir a assalto pode ser muito perigoso. Ainda mais à mão armada.