As últimas 48 horas têm sido infernais no Rio. É arrastão pra cá, incediários pra lá, tiroteio acolá. Dos lugares onde deu merda, passo diariamente por uns 3. Bom, né?
Tá, mas e por quê eu digo isso???
Porque mesmo passando por zonas de risco, nunca passei por NA-DA de sinistro por essas bandas. Aí que ontem, feriado municipal na terrinha, me dirigindo pra ganhar o pão de cada dia,
fui abordada por um meliante praticamente na esquina de casa. Lugares por onde passo a pé à noite.
Numa náice.
Era a primeira da fila num sinal fechado, pista do meio, carros dos dois lados. Fazia qualquer coisa no celular, janela aberta, a
cara de bocó de sempre. Um moleque magrelo de seus 16 ou 17 anos, abaixou do meu lado e saiu falando:
- Aê tia, é assalto, não arranca com o carro não que eu te meto um tiro, passa o dinheiro, passa o dinheiro, rápido!
Eu
jurava que tava sem um puto tostão na carteira, até pensei em passar no caixa eletrônico.
- Cara, não tenho dinheiro. Não, não tenho dinheiro!
Ele demorou demais a me mostrar arma, nem mostrou,
provavelmente porque ele não tinha. Podia ter pedido o celular, o relógio, coisas que ele viu na minha mão. Mas ele enrolou. E olhou pro lado.
Perdeu, ladrão! Arranquei e sentei a mão na buzina. Chamei atenção de uns guardinhas, mas certo que não vai dar em nada.
Essa experiência cretininha serviu para algumas coisas:
1. Descobri que eu sou
apegada e idiota. Vai que tinha alguém armado dando cobertura e eu ia
perder a integridade física em troca de... de quê? Dinheiro? Pois é, achei que não tinha, mas tinha uns 150 dinheiros na carteira.
2. Não se anda de vidro aberto e, principalmente,
não se fica parado de vidro aberto.
3.
Niterói é um cocô sujo mil vezes pior que Irajá; aqui em Irajá pelo menos tem polícia. E metrô.
4. Achei que era cagona, sei que sou
traumatizável, mas
não tive medo. Acho que perdi o pavor de assalto, mas tremi da cabeça aos pés. Eu tremo muito quando nervosa. E de raiva, muita raiva.
5. Você vai tomar um tiro na cabeça e
pessoas a 2 metros de você vão olhar pro lado e assoviar, ca-gan-do pro problema que não é delas. E se bobear você vai fazer o mesmo com os outros.
No fim das contas nem me arrependo de não ter entregue tudo, ou alguma coisa, qualquer coisa, pra garantir alguma suposta segurança. Me arrependo de não ter descido do carro e pranchado com muito gosto o delinquente. Ou tentado atropelar. Em termos de cestas básicas, atropelar é mais barato.