Este fim de semana não tivemos ônibus pra subir, então acomodamos os voluntários em carros. A
CRT, muito gentilmente, solicitou as placas dos carros para nos liberar do pedágio, e foi super tranquilo na ida, me liberaram e deram um papelzinho pra passar na volta.
Cheguei com a Fabi em Conquista perto das 13h, e a galera estava frenética com a distribuição de cestas. Não só porque foram 700 cestas em uma manhã, mas porque
caráter não vem escrito na testa. Vários espertalhões entraram na fila várias vezes, muitos reclamaram da marca do sabão em pó, outros se enfiavam na área restrita pra pegar coisas.
Tá pensando que vítima é tudo bonzinho? Tsc...
No sábado mesmo segui com os Massarandubas, meninos do jiu-jitsu que
cederam pick-ups e braços fortes pra nossa missão, pra região de Santo André. Conhecemos pessoas queridas, ganhamos cafezinho, sacos de tomates e os "obrigados" mais sinceros. Mas também levamos patadas quando pedíamos pra vistoriar as dispensas das casas e ver o que faltava. Tem gente com 40, 70 cestas armazenadas e chorando miséria. Ah, e as cestas que distribuimos são aquelas que abastecem 4 pessoas durante 30 dias. Em 3 casas havia animais necessitando de cuidados veterinários, então fiz ficha, examinei e prometi voltar no domingo com medicamentos*.
À noite seguimos pro galpão que nos abrigaria, convenientemente situado do ladinho de um bar. A gente trabalha, mas se diverte, né? A senhorinha querida do bar ainda nos esperou com um jantar delicioso: arroz, feijão, salada e carré.
Tudo 0800.
Domingo ficamos sem os jipes, então o atendimento vet foi preterido. Catei uma voluntária que ama bichos e dois adolescentes locais pra nos guiarem e fui. Com meu carro,
aquele que é baixinho, automático e com 84 cavalos. Na primeira casa chegamos muito bem. Seguindo o caminho, caí num buraco na pista e fiquei presa. Era descida, o parachoque dianteiro encostava no chão e não dava pra ir pra frente. Quanto mais ré eu dava, mais o carro se enterrava no buraco. Chorei. Veio um pessoal local de moto, fizeram um calço com pedras
(ai, meus pneus novos...) e
levantaram o carro no muque enquanto eu dava ré. Papai do Céu cuida dos incautos e daqueles que têm boa vontade, quando vi o carro livre do buraco, chorei mais.
Na segunda casa, ganhamos água gelada, refri, cerveja e uma dica preciosa de caminho pra volta. 20km maior, mas sem muitas crateras. Aí a terceira casa. Olha, eu não faço trabalho voluntário esperando ser endeusada ou ganhar estrelinhas. Mas
tem gente que não saca que pessoas estão abrindo mão de descanso e lazer e pagando pra trabalhar pra elas, e esquecem a parte boa pra cobrar o que não foi feito. Levei ração, água, medicamentos. Tratei dos 5 cães enquanto a dita cuja reclamava que 9 litros de água não dava, que a ração era pouca e que esquecemos do vizinho de trás (que tem 40 cestas guardadas...). Fiz a
egípcia e, ao terminar tudo, entreguei uma lata de Bactrovet pra ela fazer curativo. A moça ficou me olhando com cara de cu, falei "de nada" pra ela e me mandei. É bem difícil não se afetar com ingratidão.
Voltei pro Rio quase 19h. Lembram da isenção do pedágio? Pois é, encrencaram com a gente e não liberaram. Eu, que já tava cansada e mais intolerante, não precisei de muito pra ficar puta da vida. Liguei o alerta, tranquei a fila do pedágio e "não pago porra nenhuma". Conversa daqui e dali, acabaram achando o memo interno com as placas que deveriam ser liberadas. Cheguei em casa 22h, morta com farofa.
E pra quem não desistiu do post lá pelo 2º parágrafo, fica a conclusão:
valeu tanto a pena que faria (e farei) tudo de novo. Exceto achar que meu carrinho lindo é jipe...
*Medicamentos gentilmente cedidos por Veterinários na Estrada.