quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Do front.

O fim de semana rendeu. Saímos cedo da Lagoa rumo à Conquista, distrito de Nova Friburgo, mais uma localidade devastada. Nosso QG era o CEASA de Conquista, onde recolhiam e redistribuiam donativos.

Conheci pessoas maravilhosas, abnegadas, dedicadas e com um amor sem tamanho no coração. O pessoal do CESO, do Bope, do Exército, a moça que se instalou numa igreja da estrada com panelas e apetrechos e faz refeições gratuitas 4x ao dia pra quem chegar, o Adilson, que nos acolheu em seu sítio e possibilitou o banho (quente!) da galera. Solidariedade; é isso que se vê lá por cima, além de todo aquele cenário feio, aquelas montanhas feridas, aquele lamaçal sem fim, o desespero de quem precisa de insulina pra ontem, de quem não teve o que comer no dia anterior por estar tão isolado que só jipes parrudos 4x4 conseguem alcançar, e o sorriso aliviado dessas pessoas ao ter, mesmo que momentaneamente, seus problemas resolvidos. É o "muito obrigado" mais delicioso de se ouvir, o abraço sujo de lama mais gostoso, e o olhar de esperança que não se entende como pode haver, permanecer vivo mesmo depois de ter os filhos e cônjuges mortos.

A grande preocupação dos locais é aquela de sempre: e quando a mídia for embora? Não estão errados. É pra isso que estamos aqui, elaborando planos e projetos de médio e longo prazo pra ajudar a reerguer essa gente forte que ainda se aguenta sabe-se lá como. Queria convidar todos vocês a participarem do nosso grupo: Convergindo esforços, superando obstáculos. Todo mundo pode fazer alguma diferença. E se tempo é o mais precioso de todos os bens - e ao mesmo tempo aquele bem que desperdiçamos mais que água -, doe o seu.

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