quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A história que era triste, ficou feliz e terminou... (?)

Pra começar, eu odeio gente que faz caridade com a mão alheia. É muito fácil começar uma boa ação e transferir a responsabilidade de continuá-la para outra pessoa: dá a sensação de dever cumprido e quase zero trabalho.

Posto isto, quarta-feira chegou uma senhorinha na clínica com um gatinho. Verdade que a senhorinha era humilde e não poderia bancar um tratamento, mas esta não poderia nem adotar o bichano, então foi com a idéia de deixar por lá. Já não gostei, mas tinha que fazer meu serviço. O gatinho que estava com ela, um filhotinho de cerca de 2 meses, não movimentava os membros posteriores (perninhas). Pensei em fratura, enquanto a senhorinha me contava que o resgate foi feito num terreno onde há muitos gatos que sofrem na mão dos moleques da cumunidade.

Aí eu perdi a razão. Peguei o gato no colo, sentei e chorei. Mas chorei de soluçar, enquanto esbraveja palavrões e coisas tipo "vou comprar um caminhão de crack pra esses fdps morrerem todos de overdose! Buááááá". Encaminhei pra radiologia, que disse não ter fraturas, que bom. Pensei em lesão de medula, e comecei o tratamento, mas sem saber o que fazer com o bebê gatinho.

Nisso uma cliente santa e muito querida (e que viu meu showzinho) esperava sua cachorrinha sair da tosa. Virou-se para mim e disse: "Vou adotá-la. Interne em meu nome, faça o que tiver que fazer e me passe a conta". Aí eu chorei de novo. (Vânia, você é foda!)

Hoje de dia Vânia, a nova mamãe, foi visitar o gatinho Roy. À noite Dra. Mais Loira me ligou. O gatinho estava com o abdômen distendido e teve convulsões. Corri pra lá fazer uma US, mas não deu tempo. Cheguei e ele estava na oxigenioterapia sendo reanimado por ML. Roy morreu em alguns minutos. Tá, chorei mais um pouco.

Não sei dizer se o fim da história foi triste. Tá que é chato que Roy não resistiu e morreu antes de conhecer seu novo lar, mas pelo lado bom, ele passou seus últimos dias num ambiente aconchegante, com comida, atenção, segurança e carinho. E deixou saudades. Roy, seja feliz no céu dos bichinhos.

(Shuiff...)

6 comentários:

Neanderthal disse...

Oi Dona Mila. Pouca gente sabe, mas meu sonho de infância era ser veterinária. Eu queria porque queria salvar todos os bichinhos que via por aí. Até hoje minha irmã brinca quando vê um animal abandonado dizendo pra eu não olhar pra ele, fazendo alusão ao meu desejo de levar pa casa. =)
Eu realmente sofro com a morte ou doença de algum animalzinho.
Não virei veterinária porque simplesmente não dou conta, não consigo manter meu equilíbrio diante de situações como estas.
É uma pena que o gatinho tenha morrido. Mas seria bastante interessante incentivar a pretendente a adotar outro... Hein???
Beijos

Velho Zeba do mar disse...

Odeio estes posts :-(((

Anônimo disse...

Chorei muito!!! Adoro o seu trabalho!!! Beijos e abraços carinhosos

CHRISTIANE AMORIM disse...

Também não consigo manter o equilibrio diante dessas situações...estou aqui chorando pelo gatinho.

Patrícia disse...

Que fofa aquela senhora que se prontificou a adotar! Vou ficar com essa parte boa da história. :)

Neanderthal disse...

Hey millaaa.Fui correndo em duas bancas aqui perto e não tinha mais o jornal para comprar. Olhei no site dele e ainda não tem a coluna de hoje disponível. No site do globo não tem acesso para quem não é assinante. Como faço para ler a coluna que recomendou?
Tem como passar no scanner ou resumir brevemente???

No mais, perguntei à minha irmã sobre as coisas que vc e seu gato perguntaram e ela disse que o estado deve garantir o direito à saúde pra todos. Se algum hospital não disponibilizar algum tratamento ou remédio, a pessoa pode entrar na justiça para obrigá-lo a fornecer. Indicou até a lei e talz... Isso significa que meu raciocínio estava pelo caminho correto. =)
Beijão