quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Deprê.

Eu estava hoje de tarde falando com Marcelo quando recebi uma mensagem no celular. Deixei pra ver quando desliguei, era da Roberta. O Paul, gatinho fofo da hérnia, não resistiu à cirurgia e morreu.

To me sentindo um lixo. Domingo à noite eu tranquilizei suas mães dizendo que não era nada de mais, que a hérnia era grande, mas que ele estava bem. Deixei o pequeno mamando no meu braço por longos minutos, eu tinha certeza que ele ficaria bem. Eu tinha cer-te-za que ele ficaria bem. Não consegui fazer mais nada hoje.

*****

As pessoas às vezes não entendem esse amor por animais. Não tenho (muita) paciência com crianças, principalmente aquelas chatinhas mimadas de 4 anos, mas se precisar passo a noite inteira num canil segurando a cabeça de um cãozinho enquanto ele vomita, pra que não broncoaspire. Tenho pavor de fralda suja, mas limpo sem o menor nojinho uma diarréia de parvovirose, e já cansei de sair mijada de exames quando coloco o paciente no colo pra que não fique tão estressado. Tá que eu não era assim até conviver intensamente com eles, quem sabe eu não perca esta fobia de fralda quando chegar a vez de ter meu bípede... Mas enquanto esse dia não chega, vou continuar amando meus filhotes peludos de quatro patas, mesmo os filhotes geriátricos, mesmo o gatinho peralta que fez cocô no meu guarda-chuva ontem, mesmo os sujos e sarnentos. Incondicionalmente.

7 comentários:

Dona Lô disse...

Amiga, já perdi paceintes depois de ficr a noite inteirinha no CTI em cima do cara. Não vou dizer que vc deve se acostumar, nunca conseguimos. Mas mantenha a serenidade. Quando não há mais oq fazer, é pq já fizemos todo o possível!

Anonymous disse...

Pára com isso, menina ...
Vc não é Deus . Humanamente, vc fez tudo q podia.Sei q dói, mas há de passar ... Cheguei aki pelo seu comentário no blog da Roberta e me deparei com uma pessoa legal, apaixonada pelo namorado, profissional dedicada.Vc é TUDO isso.
Fica dom Deus

Junião disse...

Bem, por essas e outras que não pensei em ser veterinário. Sou apaixonado por animais, me dou bem com eles, porém eu não teria piscológico para encarar a perda em situações que fogem do meu controle. PS: minha conta gmail também foi invadida, agora estou sem acesso ao brog, ao orkut, ao gmail...

entremares disse...

- Então… como vai isso hoje?

Mal. Hoje, ontem, provavelmente amanhã. Foi isso que lhe respondeu.

- Ora… cá vamos andando… a máquina já está ficando velha…

- Seja optimista, homem. Quanto mais depressa sair daqui, melhor. Ou você gosta de ser cliente dos hospitais?

- Eu? Nem pensar…

- Ora vê? Portanto… veja lá se arrebita… e a propósito, tenho aqui o jornal desportivo de hoje, já o li… quer que lho deixe?

O doente arregalou os olhos.

- Se quero… isso é mesmo um presente caído do céu…

O visitante deixou-se rir.

- Oh, homem, se eu soubesse… mas deixe lá, quando eu passar por aqui amanhã… não me esquecerei… vá… as melhoras…



Acenou-lhe e lá continuou o seu passeio matinal, como em todos os outros dias.

Os doentes daquela ala do hospital não o conheciam e aparentemente o pessoal médico também não.

Mas todos os dias, aquela simpática personagem, já bem entrada na terceira idade, lá percorria todas as enfermarias, todos os quartos, metendo conversa, contando novidades, distribuindo jornais e revistas, por vezes até livros.

E sempre com o mesmo sorriso.

Depressa todos se convenceram tratar-se de um elemento de qualquer organização de voluntariado, destacado para a ala de cardiologia daquele hospital.

E ele lá ia brincando, classificando os enfartes como de terceira divisão ( os insignificantes ), os da primeira liga ( aqueles mais dignos desse nome ) e os que davam acesso ao Mundial ( os de apuramento mais complicado ).



- O seu enfarte, complicado? - dizia sempre - não me faça rir. Ainda ontem perguntei ao seu médico, só para tirar as dúvidas… e ele disse-me que lhe vai dar alta para a semana. O seu foi daqueles de terceira divisão, oh homem…

E brincando, brincando, os dias passavam mais alegres, na ala oeste do hospital.



Até que, naquela manhã de sábado, Novembro, o simpático visitante não apareceu, ele que conseguia ser mais pontual que o receituário médico.

- Porque não apareceu? Quem era? - queriam todos saber - ele nunca falha, um único dia.

As enfermeiras do piso, num estranho silêncio, murmuravam pelos cantos, longe dos ouvidos dos doentes.



- Doutora Wania… então o nosso visitante, onde anda ele? Hoje não o deixaram vir visitar-nos?

A médica, uma das mais jovens do hospital, ainda abriu e fechou a boca várias vezes, hesitante nas palavras.

- Dona Hortense… sabe… a sua visita, isto é, aquele senhor que vinha aqui todos os dias…

- Nem sabemos como ele se chama, doutora.

- Ah… chama-se Eugénio, Dona Hortense. Isto é… chamava-se Eugénio…



A doente fixou o rosto da medicam habitualmente sereno e descontraído. Notou-lhe um pesar sentido, como se fosse portadora das piores noticias.

- Chamava-se? Então quer dizer…

A doutora Wania assentiu com a cabeça.

- Sim, Dona Hortense, ainda ninguém sabe, a senhora é a primeira. O nosso Eugénio…. Morreu ontem à noite.

- Mas… a doutora conhecia-o? Fala como se o conhecesse bem…

- Conhecia sim… conhecia-o bem… e gostava muito dele, era um bom colega…

- Ah, então era médico… bem me queria parecer, eu sempre suspeitei…

- Médico? O Eugénio?

E a doutora riu-se, os olhos brilhantes de emoção - Não, Dona Hortense, o Eugénio não era nenhum médico, era um doente aqui do hospital, tal como a senhora.

- Um doente? Mas como? Eu nunca o vi por aqui…

- Pois não… o Eugénio tem estado sempre internado na ala de oncologia. Há muito que se encontrava em estado terminal… mas nunca baixou os braços…

- Pensei, doutora… como lhe chamou colega…



A médica deixou transparecer um olhar de tristeza.

- Éramos colegas, sim… de um modo muito especial, e cada uma com as suas tarefas… sim, creio mesmo que era o meu melhor colega deste hospital…

Rafaela disse...

ah, amiga... é fogo, viu? tadinho do bb... mas qdo tem que acontecer, não tem jeito...
miga, nem sou vacilona,m as o ticketmaster aprontou uma comigo...comprei duas meias pro show e tal, qdo recebi o e-mail de confirmação tava como 'meia pra idosos acima de 60 anos'... poutz, fiquei mto chateada...liguei pra lá pra tentrar trocar e nada...não aceitaram...daí, puta, cancelei tudo... :(

Rafaela disse...

e outra coisa, amiga, eu entendo mto bem esse seu amor por animais...eu tb sou assim!!

bjuss

Marcelo disse...

Lalá, sabe que era bem confusa essa história de meia para estudantes de meia para idosos? Com a mega "taxa de conveniência" que eles cobram, o site tinha que ser muito melhor do que é... Nada intuitivo!